#34

Removo-te da minha vida, quase cirurgicamente.

Devagar, mas decididamente, desfaço nós, puxo linhas, para deixar as memórias ir, para impedir que o sonho assente.

Acarinhei-te. Chorei-te. Encontrei outro amor. Quis esquecer-te. Quis redescobrir-te. Nunca fui suficiente.

Foram muitos anos. Foi muito tempo. É preciso que o novo entre.

#31

Já que hoje é Dia de S. Valentim, e estamos todos a ser bombardeados com mensagens de consumo vindas do maior ao mais pequeno negócio, aproveito para felicitar todos os amigos corajosos que se empenham em manter uma relação de longo curso viva.

Felicito também todos os tenazes amigos que preferem preservar a sua autonomia para desenvolver outros projetos.

No fundo, o que importa é que sejamos mais ou menos felizes – ou, melhor dizendo, felizes a maior parte do nosso tempo -, seja lá qual for a forma que resulta para nós.

Sem complexos.

#30

O balanço de 2022 não é colorido.

Não só não consegui resolver nenhuma das coisas a que me propus, como ainda surgiram dificuldades novas, também estas ainda não resolvidas. Alguns seres importantes para mim saíram, sem retorno possível, da minha vida. E o meu corpo, esse maravilhoso invólucro desta mente que escreve, essa fonte de tantos e diferentes prazeres, tem protestado frequentemente contra os anos de pouco carinho com que o tratei.

Dou comigo a sentir-me contente por ser um mero grão de areia neste vasto universo e as minhas falhas não importarem nele coisa nenhuma.

O sol continua a brilhar, a vida há de renovar-se.